Meio Portugal e tal anda muito escandalizado com as nomeações partidárias. Aparentemente, meio Portugal e tal acha que era dever do governo de Passos Coelho manter o aparelho socialista /socratista por tudo o que era lugar no Estado e Empresas Públicas.
Vasco Pulido Valente, com a acutilância e pontaria habituais escreveu, a propósito deste triste assunto, um brilhante artigo de opinião no Público de hoje e não resisto a citar alguns excertos :
… … “Por um lado a inexistência de um “sector privado” com oportunidades de trabalho, carreira e ascensão social, virou sempre a parte letrada (ou, se quiserem, “instruída”) da sociedade para o Estado e para aquilo que dele directa ou indirectamente dependia (obras públicas, bancos, monopólios, grandes companhias) … … A classe média que nasceu e cresceu por este processo é inevitavelmente uma classe média do estado, cujo bem-estar ou a fortuna dependem do Estado. Sem ele, morreria, e morreria depressa … Infelizmente para Passos Coelho, a crise do estado e a crescente miséria do funcionalismo não lhe permitem aumentar e distribuir com mão larga a sopa do convento e provoca a inveja, o ressentimento e a fúria daqueles que ficaram sem o seu prato de lentilhas. Disfarçado em virtude, o escândalo das nomeações não passa disto.”